sábado, 18 de maio de 2019

Irrelevância do Tempo (Gentes da Minha Terra)

Vivo na irrelevância do tempo,
inundado de passado, de presente e d’além,
acarinhado nos afagos do vento
e nas gentes da minha terra.

Navego, baloiçando, num oceano de Amor,
recebendo as vagas irreverentes
de quem sempre me embalou
nas verdes vertentes
dos extensos pinhais.

Serra abaixo, serra acima,
encimo o meu coração
com os odores de giesta e alecrim
que desde criança invadem
a profunda perceção de mim.

Uma maré escaldante
almeja os meus olhos de menino
num pranto silencioso, prazeroso,
enquanto os sons, os gestos,
os olhares e os sorrisos
me acalentam as memórias, o agora e o além:
o além tempo, o além sítio, o além memória…

Vivo na irrelevância do tempo
que me leva acalentado
na eternidade do vento e do Amor
das gentes da minha terra. 

Mai 2019          Hugo Ferreira Pires


sexta-feira, 3 de maio de 2019

Bruma Branca

Rios e mares de bruma branca
espraiados sobre o extenso mar de terra,
onde a vida implora o sol distante:
esplêndido, benevolente, magnânimo!

Montanhas banhadas de níveos cimos
declaram Paz aos céus,
recebem o ouro alto e distante,
fino e invisível, simples e eterno.

Do alto tudo é pequeno, tudo é magnânimo,
tudo é menor, tudo é maior!
E o tudo de cada um é o mundo de todos nós...

Abril 2019          Hugo Ferreira