Vivo na
irrelevância do tempo,
inundado
de passado, de presente e d’além,
acarinhado
nos afagos do vento
e nas
gentes da minha terra.
Navego,
baloiçando, num oceano de Amor,
recebendo
as vagas irreverentes
de quem
sempre me embalou
nas
verdes vertentes
dos extensos
pinhais.
Serra
abaixo, serra acima,
encimo o
meu coração
com os odores
de giesta e alecrim
que
desde criança invadem
a
profunda perceção de mim.
Uma maré
escaldante
almeja
os meus olhos de menino
num
pranto silencioso, prazeroso,
enquanto
os sons, os gestos,
os
olhares e os sorrisos
me
acalentam as memórias, o agora e o além:
o além
tempo, o além sítio, o além memória…
Vivo na irrelevância
do tempo
que me
leva acalentado
na
eternidade do vento e do Amor
das
gentes da minha terra.
Mai 2019 Hugo Ferreira Pires