Na penumbra dos séculos
agarro a imagem das praias do Tejo
olhando a sepultura do que já não é,
abismado com as histórias da História:
gentes virtuosas e crápulas sem pejo.
Noutras longínquas praias reveladas
desagua o meu olhar embaciado
pelas viagens do coração,
acordado dos naufrágios perdidos
em marés que já não vejo.
Nesses novos areais se rejuvenesce
a cura quimérica da união
pelas mãos do coração,
pelas vozes das preces,
num coro de línguas que se reconhece
na luz dos séculos vindouros,
onde a luz do amor
dourará a paz em todos os miradouros.
Novembro 2020 Hugo Ferreira Pires