sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ria Formosa

Uma lágrima brilhante de saudade
percorre a pele do meu rosto salgado...
O meu olhar relanceia melancolicamente
a língua de mar intermitente,
luzindo sob o sol latejante,
junto ao sapal desta Ria,
onde o dia termina
e o sonho se inicia. 

Salta do rosto a lágrima saudosa,
juntando-se ao sal da Ria!
Espera certamente que eu sorria!
Oh lágrima diluída nesta língua de sal,
dá-me a esperança renascida
de aqui viver Portugal!

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires


domingo, 15 de julho de 2018

De Norte a Sul

Nas verdes terras nortenhas
verdejantes vertentes
descem ferrenhas
sobre as águas correntes.

São águas alvas de pureza,
níveas de brilho solar!
Corre no seu leito a dureza,
mãos do tempo a passar...

Na sombra do pinhal d'El Rei
sussurram as memórias do mar
outrora conquistado p'la grei -
- vozes do reino a bramar!

Soam os sinos nas torres cristãs
dando voltas às eternas agulhas;
acesas vão as naus anciãs,
luzindo no Breu como fagulhas.

Além Tejo brilha o trigo loiro
adornado de pedras alvas;
sustenta moinhos d'oiro -
- puros filhos de malvas!

Em terras rubras do Garbe
espraia-se o mar navegante;
ao céu infindo eleva o Algarve
a voz de um povo flamante.

Julho 2018          Hugo ferreira Pires





sexta-feira, 13 de julho de 2018

Foge o Tempo

Foge o tempo num foguetão:
fugidio, fugaz, fulminante!
Faz do fútil um lento fumegar,
um fumo supérfluo,
fumaça dispersa sem fulgor;
faz do sonho um sorriso flamante,
fundador das faces sorridentes,
fundação de um feliz amanhã.

Fulgurante o tempo do futuro:
fundador da fulgente sabedoria,
flama da eterna forma,
rubra fleuma de bondade inflamada,
lusco-fusco reacendido,
fusão do corpo, Luz do infinito...

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires