nas sombras
do arvoredo repleto de história,
vive o
canto alegre das aves eternas,
o voo da
Fénix, o sonho alquímico, o cálice da vida…
Na fresca
trama do vento rasga-se da luta a prisão da raiva,
o sopro
celeste transmite do Universo os sons divinos,
separam-se
o medo, o desespero e as sombras da alma lutadora,
transmutando-se
em força e desimpedimento ascendente.
Nas claras águas
se espelha a pura alma pujante de vontade
e se afunda
o apego ilusório ao aparente poder, à ilusão desmedida;
remotas
vagas avançam, crescentes de passados longínquos,
perante a
letargia quase involuntária das turvas águas.
Da profunda
terra emana a alma mãe, Gaia florescente…
Ventre de
húmus inumado de futuro cíclico,
concretização
etérica da vontade suprema,
grito de paz
forjado de dores, de lutas e desapego.
No puro
fogo se renova o luto num esquecimento dormente,
volatilização
de outras realidades, d’outros tempos…
E da cinza
leve e passageira outro lume se acenderá,
o lume de
uma nova vida gravada na alma corajosa, eterna…
Janeiro 2020 Hugo Ferreira Pires