sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Salgueiro e a Rosa

À sombra de um Salgueiro
chora uma rosa sem cor!
É verde e espinhosa
esta Rosa sem Amor.

Chora também o Salgueiro
abandonado ao Inverno,
entregue à melancolia
em terras de Averno.*

Pergunta-se o Sol lá no alto
por que choram sem parar!
Todas as lágrimas de chuva
fizeram o Sol acordar.

Desfaz-se então o frio!
O Inverno é uma quimera!
Sorri o Sol à Natureza
e irrompe a Primavera.

Que feliz está o Salgueiro:
água pura de Neptuno!
Abraça a Rosa em flor
como Júpiter abraça Juno!**

E que linda está a Rosa
sorrindo no seu esplendor!
Desabrochou a Rosa em flor
Numa Primavera de Amor.

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires

*Na mitologia grega os salgueiros vivem em Averno, a entrada para o submundo, governado por Hades. Averno é a morada de Perséfone (filha de Zeus e Deméter). Sendo mulher de Hades, Perséfone é a rainha do submundo. Perséfone é também a deusa da Primavera, das flores e da fertilidade.

**Na mitologia romana Juno é a mulher de Júpiter.



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Tempo de Viver

A vela apagou-se e, no ar,
o derradeiro fumo se desfaz,
tal como o incessante mar
que sobre a areia jaz.

No leito de um silêncio penetrante,
na penumbra da noite presente,
projeta-se o passado distante
nos meandros do futuro ausente.

Em vermelhos campos de papoilas
as lágrimas afloram comovidas
como prata brilhando de vida
sobre as oliveiras erguidas.

Nesses campos uma criança brinca
no seu mundo de vida garrida,
o seu olhar no céu se afinca
seguindo a ave desprendida.

Voa o sonho da infância
jorrando na penumbra do agora;
além se alumia a abundância
no futuro de outrora.

O sol acendeu-se no ar!
É manhã! É dia de viver!
É presente de Luz e de acreditar!
É o futuro a amanhecer…

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires


quarta-feira, 9 de maio de 2018

As Estrelas do Teu Ser

O teu amor teceu em mim
um teto de estrelas fulgentes
onde o sol não espera o amanhecer
e a magia ressoa entre as gentes.

Dos teus cabelos avultam-se as ondas
de profundos mares intrigantes;
ilhas de luz florescem do teu coração
erguendo faróis seguros e constantes.

Nesse olhar trémulo e longínquo
abrem-se as janelas do teu ser:
um ser de alquimia, música e paz,
um lindo mundo de eterno alvorecer.

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires



quinta-feira, 3 de maio de 2018

Nas Asas de Lisboa

Nas asas de Lisboa
voa o teu olhar
posado num novo porto:
regaço de outras águas…

Nas margens de Lisboa
nasce o teu sorriso
num horizonte que não tenho...
Tão longe do meu abrigo!

Nas águas de Lisboa
refletido está o teu rosto:
quimera espelhada que enxagua
as lágrimas do meu desgosto.

No sorriso de Lisboa
desenhada está a tua felicidade!
No bem que te quero sorrio,
mas na paixão que me assola
triste esmorece o meu olhar,
cego de choro e de saudade!

Março 2018          Hugo Ferreira Pires