sábado, 25 de novembro de 2017

Sinais do Mundo

Irrequieto sopra o vento
Sobre o mundo inconstante,
A mudança ocorre incessante
Na alegria e no tormento.

As nuvens choram as águas
De suas felicidades contidas,
São chagas líquidas acometidas
Ao rosto desfeito em mágoas.

Acima das nuvens sorri o Sol
Com as suas eternas dores,
São feitas de ilusões e desamores
Atiçadas pelo fulgor de um fole.

Além do Sol brilha o Universo:
Centelha escondida à luz do dia,
Fulgente quando a noite se alumia,
Inspiração em tempo adverso.

Contemplando o Mundo

Outros mundos se afiguram,
Fora da visão e da nossa mão,
Mão cheia de Universo fecundo.

Novembro, 2017          Hugo Ferreira Pires


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

A Viagem do Sonho

Desceu do alto aquela luz
Chovendo brilho em toda a cidade:
O rio, as pontes e as ruas são ouro
Brilhando no olhar da felicidade. 

Descendo pelas ruelas íngremes

De mãos dadas ao meu Sonho,
Vejo beleza nas sombras
E a paz no sol risonho. 

Chegados ao cais de águas luzidias,

O meu Sonho decide viajar,
Entra num barco de tempo,
E eu aceno tristemente, a pelejar.

Com o sorriso quebrado

E um rio correndo no olhar,
Vejo ao longe flutuar
O Sonho que tanto me faz amar. 

Barco de tempo crescendo para o mar,

Protege o meu Sonho ido,
Para que num tempo além
Possa ainda ser vivido.

Novembro, 2017          Hugo Ferreira Pires


sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Crepúsculo

No caminho que me leva
Em direção ao Castelo,
Guiado na Luz e na Treva,
Sigo pelejando um duelo:

O desejo de esquecer e parar
E o dever de sofrer e seguir
Ao coração assomam num brandir,
Na constante busca de um lugar.

Na floresta envolvente,
O sopro das árvores se mistura
Na memória do éter ardente,
Enchendo meu fôlego de bravura.

No caminho que me traz,
Pedras e breu me atormentam,
A Luz das estrelas é Paz
Quando as dores me desalentam.

De dia o sol se esconde no vapor,
Na treva o sol se mostra na Lua,
Na luz as sombras e a negra cor,
Na noite a alvura se acentua.

Na subida da montanha
Sangue e lágrimas tolhem a lucidez,
Mas na dor brilha a centelha
E a vitória mostra a sua tez.

Já no alto do Castelo, de olhar erguido,
Tudo se mostra longe e minúsculo;
De coração cheio e de espírito renascido
Observo serenamente o crepúsculo...

Novembro 2017          Hugo Ferreira Pires




domingo, 5 de novembro de 2017

Ondes estás?

Onde estás minha vaga de paixão?
Onde estás minha tempestade de saudade?
Onde estás minha montanha fugaz?
Como encontrarei novamente o teu verde olhar?
Como tocarei novamente a tua doce mão?

Neste mar agitado, não te encontro…
Ondas de saudade salpicam-me a face de angústia,
A quilha desta nau range ameaçadora,
As velas rasgam-se no ar do meu peito.

Sob o negro céu voa pungente, estridente,
O meu chamamento:
Onde estás minha vaga de paixão?
Onde estás minha tempestade de saudade?

Rasga-se o desespero no meu coração,
Manchando de rubro sofrido
Este triste convés saudoso de ti…
Onde estás minha vaga de paixão?


Outubro 2017          Hugo Ferreira Pires