sexta-feira, 30 de junho de 2017

Minha Pura e Bela Flor

Minha pura e bela flor
Desabrochada no meu peito,
Em tuas pétalas luminosas
Vive meu olhar satisfeito.

Teu doce perfume
Traz-me a memória indelével
De quando me davas a mão
E me abraçavas incansável.

Estás longe e isolada de mim
Minha pura e bela flor!
Os meus braços não chegam a ti,
E os teus, já não querem o meu calor...

Fecho os olhos, 
Elevo o pensamento
Aos céus do verdadeiro Amor...
E aí te encontro num arrebatamento!

Os nossos eternos abraços
Entrelaçam-se enfim num doce labirinto
De emoções, carinho e elevação,
Brilhando no fulgor deste céu distinto.

Estás verdadeiramente longe de mim
Minha pura e bela flor…
Mas bem dentro do meu coração
Floresces num prado de ternura e ardor!

Que o tempo acorde o teu coração
E num lindo jardim colorido
Voltemos a embalar o nosso Amor
Num intenso abraço unido!

Junho, 2017          Hugo Ferreira Pires


domingo, 25 de junho de 2017

Algarve

Cheira a Algarve!
Doce odor, quente e suave,
Alma muçulmana e cristã
Imanada desta terra anciã.

Cheira a Al-Gharb,
teu nome de verdade;
Oeste do solo Andaluz
tua alma o Povo seduz.

Cheira a mar deslumbrante
onde sonhou nosso Infante;
em Sagres sua alma se uniu ao sal:
último horizonte de Portugal!

De Lagos zarparam sem parar
caravelas rumo a além-mar,
seus porões de sonhos fermentados
foram Descobrimentos concretizados.

Em Silves o Arade se vislumbra
numa miragem saída da penumbra,
alquimia do alto Caldeirão*
revelada no mar de Portimão.

Guadiana de verdes margens
acariciando belas paisagens,
fertiliza de amizade sã
Portugal e Espanha irmã.

Diante ao mar, bela e Formosa,
pulsa a Ria fértil e airosa,
língua de mar intermitente,
ventre de vida fremente.

Entre arribas rendilhadas
se abrem praias entalhadas,
areais expostos às marés
brilhando ao sol de lés a lés.

Algarve de cultivos antigos
perfumado de alfarrobas e figos,
albricoques, laranjas e medronhos
são sabores brotados dos sonhos.

Algarve da minha infância,
de verões nutrida em abundância,
matas e dunas de fragrâncias,
aromas de sublimes distâncias.

Algarve da minha juventude,
feito de estudo amiúde,
Universidade de amigos assentes
que ainda hoje sinto presentes.

Cheira a Algarve!
Doce odor, quente e suave,
chama da minha alma,
luz do tempo que me acalma.

Junho 2017          Hugo Ferreira Pires


* - Referência à Serra do Caldeirão


segunda-feira, 19 de junho de 2017

Doce Amizade, Doce Amor

As mãos da tua doce sensibilidade
Escreveram na minha alma
Palavras de luz e bondade
Lavradas num Amor que me acalma.

Esta união de passado e presente
Aflorada na ternura do reencontro,
Expande-se no meu coração ardente
Longe da saudade e do desencontro.

Magnânima Amizade por ti enaltecida,
Palavras desenhadas pela tua ternura,
Melodia perfeita e guarnecida
Encantando-me o espírito com calentura.

Amor de tão longo caminho
Chegado ao presente sem fim,
Sustido fiquei nesse teu carinho,
Na tua perceção de mim...

Abraçaste este meu sentimento perdido,
Acarinhaste-o e devolveste-o com saber,
Tornaste-o ainda mais único e garrido:
Obrigado Amiga pela magia do teu ser!

Junho, 2017          Hugo Ferreira Pires


sábado, 10 de junho de 2017

Mar Português

Portugueses que foram ao mar,
Na esperança de Descobrir...
E lá longe eis que lograram!
Descobriram e desvendaram!

Portugueses que foram ao mar,
Morreram em mares revoltos,
Sobreviveram em longínquos portos,
Viveram entre povos remotos.

Portugueses que foram ao mar,
Glorificados em livros de História,
Mesmo se por vezes com inglória
Invadiram, mataram e roubaram...

Portugueses que foram ao mar,
Com padrões o mundo marcaram,
Com um Tratado o dividiram,
Mas com sua Voz o uniram.

Portugueses que foram ao mar,
Com o Quinto Império sonhando,
Com ciência o céu medindo,
E com a alma a Deus bradando.

Portugueses que foram ao mar,
Na roda do tempo esquecidos,
São hoje lembrados e enaltecidos
No ressoar dos mares fendidos.

E nesta sinfonia de tempo ido,
Com alma de navegador sofrido,
Luta Portugal e o seu Povo
Pela Glória de um Mundo Novo! 

10 de Junho de 2017         Hugo Ferreira Pires


sábado, 3 de junho de 2017

Nau do Sol Nacente

Nau pousada na trégua de um tempo ido
Navegando no contratempo do presente,
Nevoeiro de um mundo aparecido
Numa longínqua alvorada crescente.

Sonhos de riqueza num porto atracados
Em maré cheia de sol nascente;
Ao Céu se erguem as preces dos recém-chegados,
Apegados a um Deus em riste, fremente…

Mergulhados na constante profusão
De outros cheiros, cores a sabores,
Aflora a magia na confusão,
Entre gestos, sorrisos e clamores.

Olhares diferentes, olhares rasgados,
Subtileza de gestos aprendidos
Contrastando no olhar de marinheiros viajados,
Emprestados à rudeza dos mares cindidos.

Nau pousada na trégua de um tempo ido
Flutuando no contratempo do presente,
Névoa fluindo num mundo aparecido,
Num Japão longínquo escondido a Oriente.

Hugo Ferreira Pires         Junho, 2017