domingo, 31 de dezembro de 2017

Novo Ano Vida Nova

O ano deixou as suas marcas,
Os seus baixos e os seus altos,
Um plantel de credos e lutas
Transformou sonhos em atos.

Dos sonhos por concretizar
Restam esperanças e intenções,
Se a coragem se afirmar
Nascerão os frutos das ações.

Novo Ano Vida Nova
Nos corações se anuncia,
A todos o meu coração renova
Desejos de Luz, Paz e Harmonia.

31 de Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Vislumbras o Meu Amor?

Vislumbras o meu amor?
É mais do que vês.
Acreditas na minha paixão?
É mais do que crês.

Enxergas a minha alma?
É maior que o meu olhar.
Sentes a minha dor?
É maior que o mar.

Sou a música da tua falta
No palco profundo da noite,
Sou a luz estrelar bem alta
Iluminando a meia-noite.

Sou o caminho de pedra e pó
Subindo a montanha espinhosa,
Sou o vento agreste e só
No alto da escarpa vertiginosa.

Sou a saudade do teu regaço
Na sólida lembrança do passado,
Sou a nostalgia do nosso abraço
Na dureza do tempo levado.

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires


quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

No Café

No café, num cantinho lá ao fundo,
Silenciosa te encontrei, no teu mundo;
Sorri assim que te vi
Recordando o tempo feito de ti;
Em cada face nasceu um beijo,
Mas nem sombra de festejo…

No teu olhar a muda seriedade
E a distância inequívoca da frialdade;
Com as minhas palavras teci um poema,
Com sorrisos e lágrimas cruzei um dilema;
Mas longínqua vai a paixão,
Esvaída por entre as pedras do chão.

Lá atrás, quando tudo começou
E a paixão nos inflamou,
O teu olhar iluminava,
O teu sorriso inundava,
E tuas mãos ferventes
Me afagavam ardentes.

Agora, teu olhar desapegado
Deixou-me desamparado,
Tua mão ausente
Deixou-me inerte,
A luz do teu olhar
Diluiu-se no ar,
E o cintilar da tua tez
Desapareceu de vez.

No café, num cantinho lá ao fundo,
Deixei o meu coração e o teu mundo;
Na memória do tempo te trago
Envolta num amor que não apago;
Agradeço tudo o que me deste,
Por mais que tudo me seja agreste…

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires




sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Estranho

Sinto-me um estranho
num mundo estranho,
numa constante
solidão entranhada.

Esta estranheza
de nunca ter a certeza,
e de mim eu ser a presa,
preso no tempo
que passa depressa,
preso na estranheza
de mim próprio.

Vivo num mundo
feito de pedaços
de outros mundos;
pedaços refeitos em mim
agregados pelas lágrimas,
pelo sonho e pelo mar…
E amar, e amar…
E amar tanto…
Amar até o coração
invadir o mar
e as lágrimas jorrarem
como chuva torrencial,
numa tempestade 
de tristeza e felicidade
amarradas ao coração.

Amar sem pensar,
sem reclamar um só segundo,
nem desdenhar das lágrimas
emanadas de mim
que chovem neste mar sem fim.

E nas manhãs
em que o sol irrompendo
me traz a luz e a branquidão,
dou conta da imensidão
da felicidade contida nesse mar…

Esse meu mar,
estranho a mim e ao mundo,
é onde me entranho,
é onde me estranho
e me aparto deste mundo,
tantas vezes longínquo,
tantas vezes cruel,
tantas vezes ilusório,
tantas vezes fiel à dor…

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires


sábado, 9 de dezembro de 2017

A Sabedoria de Viver

Quando tudo desaba,
o chão aguenta-nos
e o céu é o limite.

Um leito de dor
nos apoia o corpo
e o olhar ofuscado
pela maré do coração
constrói um leito de pranto,
lá no Alto.

Os primeiros passos no escuro
elucidam o caminho;
dos pequenos pedaços de esperança
nascem pequeninas estrelas:
luzes vindas de nós,
transmutando a dor
em coragem, em viagem.

As dores do presente
reavivam o passado,
acendem o futuro,
projetam o derradeiro desafio
de ver além horizonte,
além breu agonizante,
além nós mesmos.

Com o tempo do tempo,
a dor se amansa,
o pranto se adoça,
e as lágrimas perdidas
tomam o gosto da vitória.

Na roda da vida
o dia e a noite se alternam,
a tristeza e a felicidade se entrelaçam,
e em nós cresce
a sabedoria de viver.

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

A Lenda da Princesa Fátima

Num antigo tempo ido
Lutava contra os Mouros
Um cavaleiro destemido
Apelidado de Traga-Mouros.

Falo de Gonçalo Hermingues,
Que com suas fartas vitórias,
Agradou a Dom Afonso Henriques,
De quem obteve as glórias.

Um dia, à sombra de um ácer,
Avistou uma bela princesa
Na torre do Alcácer,
Onde isolada, vivia em tristeza.

Por esta princesa Moura
De olhar penetrante
E de beleza avassaladora
Se apaixonou num instante.

Fátima era seu nome mourisco
E com ela sonhava noite e dia
O cavaleiro, que sem pensar no risco,
Um plano de conquista urdia.

Conhecida era a festa das luzes,
Pelos Mouros em Junho celebrada,
Com seus cantos, dizeres e aljorzes
Durava até de madrugada.

Nessa noite de Junho Suão,
Alheados de sua sorte,
Junto ao rio festejavam
Fátima, seu pai, e sua corte.

Num repente irrompeu a cilada
Por entres espadas e desvario,
Foi a festa das luzes apagada
Pela morte, nesse instante sombrio.

Arrebatou o cavaleiro seu Amor
Das mãos do seu inimigo,
Da princesa obteve o louvor
De querer casar consigo.

E Fátima se fez Oureana
Após o casamento cristão,
Nomes de tez luso-muçulmana
Que abençoaram nosso chão.

Onde o casal no início viveu
Chamaram terras de Fátima,
Deste divino nome árabe nasceu
A terra santa de Fátima.

Onde o resto da vida estiveram
Deu-se o nome de Oureana, porém,
Com os anos que passaram
Oureana se tornou Ourém.

Dezembro, 2017          Hugo Ferreira Beato Pires


sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Meu Porto

Tu, Porto do meu amor sentido,
meu Porto de saudade erguido,
nesse leve ondular das águas
se desfazem minhas mágoas.

Tu, Cais do meu corpo ardente,
meu cais de desejo crescente,
onde minhas ondas vivas de paixão
descobrem no teu mar a mansidão.

Tu, Abraço do meu alento,
ancoradouro de sincero sentimento,
acalentas-me o coração e a alma,
Luz do Porto que me acalma.

Novembro, 2017          Hugo Ferreira Pires