quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Natal Contigo

Entre o escuro da noite
e o claro da lua
viajo nas estrelas
onde meu olhar flutua.

Aí brilha o sorriso
que minha alma afaga,
aí cresce a ternura
que abraço numa vaga.

Natal contigo é aí,
onde as estrelas cruzam os olhares,
onde ventos celestes se encontram
em ternos rodopios solares.

Natal contigo é aqui,
onde se encontram nossos olhares,
onde se avivam nossos abraços
em eternos momentos estrelares…

Dezembro 2018          Hugo Ferreira Pires




quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Distância Hirsuta

Nestes tantos anos
muitos passos foram dados,
e obstáculos ultrapassados
sobre mares e oceanos… 

Em ti vive a luta em cada passo
e um sorriso iluminado,
tantas vezes distanciado
no tempo e no espaço. 

E na distância hirsuta,
sempre que penso em ti,
vejo uma filha de mim
sorrindo forte e resoluta!

Junho 2018          Hugo Ferreira Pires





sábado, 24 de novembro de 2018

Palco

Acendem-se luzes a perder de vista…
Um mar de gente se agita…
Os focos encontram o artista!
E a multidão grita… grita… grita…

Vai descalço o artista! Sua voz evade…
E gritam as multidões castradas
como condenados gritando liberdade,
achados no pó das estradas.

Canta o artista a música das esferas!
Profere sua alma as notas celestiais!
Evoca sua voz os sonhos e quimeras
das gentes pregadas a sortes desiguais!

Voa alto o artista em asas de magia!
Sopra reconforto aos ouvidos ansiosos,
aos corações receosos, à esperança bravia…
Voam longe os sonhos sequiosos…

Apagam-se as luzes a perder de vista…
Evade-se o artista…
Um mar de magia perdura…
Um longínquo alvorecer se afigura.

Novembro, 2018          Hugo Ferreira Pires


terça-feira, 13 de novembro de 2018

Pinheiro Luzente

Pinheiro luzente que me levas
numa longínqua viagem ao berço
da minha vida, daquela vida sem trevas,
que de tão longe quase me esqueço;
pinheiro que ao pranto me elevas!

Pinheiro assim plantado na cidade,
de alcatrão e cimento amparado,
assim me trazes a terna mocidade
envolta num abraço avigorado,
no compasso de um tempo sem idade.

Pinheiro com fragrância de beira-mar,
tua maresia traz-me os extensos areais
onde caminhos tracei junto ao mar:
trilhos sulcados de altos ideais,
sonhados nas ondas a clamar…  

Pinheiro com um pardo manto de caruma,
trazes-me o doce odor das camarinhas
que a saudade saboreia uma a uma;
daqui avisto caravelas e memórias minhas
vindas d’além, trespassando a bruma…

Pinheiro ancião coroado de louvor,
lar de histórias e marés infindas,
destronas as trevas com teu doce alvor;
tuas lembranças dão-me as boas-vindas
nesse mundo onde vivo sem pavor.

Novembro, 2018          Hugo Ferreira Pires




sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Saudade, Suidade, Sodade

Saudade de Coimbra ao luar
e de seu fado entristecido,
lições de tempo a musicar
a juventude do tempo ido.

Suidade1 das terras mirandesas
e de seus foles seculares,
ancestrais vozes acesas
em nossas almas milenares.

Sodade2 d’além mar
e das cores de Cabo Verde,
é a voz de Cesária a cantar,
eternidade que não se perde.

Saudade, saudação à nostalgia,
dor que volta na lonjura,
mar profundo de água fria,
suspiro revolto de desventura.

Saudade, reviver da melancolia,
negra bílis contorcendo a alma,
ânimo repleto de astenia,
Novo Mundo sedento de vivalma.

Saudade, apanágio da solidão,
solitária verdade envolvente
navegando no saudoso coração,
terra à vista fugindo ferozmente!

Sodade da terra
Sodade do espaço,
Suidade do antigamente
Suidade do tempo,
Saudade do amor

Saudade do tempo eterno…

Outubro 2018         Hugo Ferreira Pires

1 – Suidade = Saudade em mirandês (segunda língua oficial de Portugal)

2 – Sodade = Saudade em Crioulo de Cabo-Verde 





sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O Fio do Tempo

Sob os meus passos solitários
cantam as folhas do outono
sopradas por ventos contrários,
como eu, ao abandono...

Ao redor, os sons das crianças
afloram em mim primaveras
de saudades e lembranças,
campos floridos de quimeras...

A fonte parece cantar-me
uma melodia de amor,
parece querer embalar-me
nas águas do seu esplendor.

No rendilhado das folhas brilhantes
sopra o canto do sol: radioso!
Pelo ar, coros de aves triunfantes
mostram um caminho esperançoso.

O céu iluminado anuncia
o fio do tempo: eterno e passageiro…
O fim da escuridão se pronuncia...
O alvorecer flutua na voz do Mensageiro!

Outubro 2018          Hugo Ferreira Pires



sábado, 6 de outubro de 2018

Alva Paz

A manhã levantou-se fria…
Desenha no ar um suspiro
na amálgama de nuvens tisnadas,
desferindo as lágrimas que profiro.

Os escassos raios de sol
enaltecem a tristeza omnipresente
num curto sorriso salgado,
colorindo a alma de esperança latente.

Nas mãos nasce uma bandeira de paz
enaltecendo o equilibro das ações;
no coração ergue-se um templo de justiça
onde brilha a alvura das intenções.

Nesta manhã fria e cinzenta
raios de luz respaldam o caminho;
será longo e espinhoso,
mas seguirei em alva paz de arminho.

Outubro 2018          Hugo Ferreira Pires



domingo, 23 de setembro de 2018

Ventos da Vossa Ausência

Corre o tempo no suspiro da saudade
e levantam-se os ventos da vossa ausência,
enquanto me aqueço no lume do afeto
e na chama dos vossos lindos rostos sorridentes.
Nesses brilhantes olhares me revejo
de mãos dadas na distância interrompida.
São vocês, minhas filhas, que me alegram
nos dias em que as não vejo,
como um vento invisível sempre soprando
as memórias e o Amor que nos unem.

Hugo Ferreira Pires          Setembro 2018


terça-feira, 28 de agosto de 2018

Talvez eu não Veja

Talvez eu não veja 
o arco-íris brilhar
mesmo quando não estás.

Talvez eu não veja 
a alegria que me rodeia
mesmo quando apenas 
te posso recordar o sorriso.

Talvez eu não veja 
a mão amiga  
que se entende à minha frente
quando o meu coração chora por ti.

Talvez eu me escape 
por entre um abraço amigo
quando sigo os teus passos 
nos caminhos que percorreste.

Talvez eu não veja 
quem me ame
quando me perco a imaginar 
como seria passar o dia contigo.

Talvez eu não veja 
o precipício ameaçador
um passo à frente 
do meu caminhar.

Talvez eu não consiga 
ver o mundo maravilhoso
que se estende aos meus pés, 
por só pensar em ti…

Vendo o Amor que te tenho,
vejo todas as cores do arco-íris 
rodear o teu corpo.

Vejo as minhas mãos 
estenderem-se às tuas
pedindo um abraço unido.

Vejo finalmente o Universo 
poderoso e luminoso
unindo a minha mão à tua 
por entre a mágica poeira cósmica…

E num uivar das estrelas,
uno-me a ti, 
num sentimento único, puro, eterno…

Uno-me a ti para lá desta matéria 
que nos comanda a todos
e que nos obriga a sonhar 
para atingir a Liberdade…

Talvez um dia acorde 
de toda esta realidade (será realidade?), 
mas com toda a certeza acordarei 
com menos um pedaço no meu coração
e com mais uma mágoa na minha alma, 
que sempre te amará...

01 Janeiro 2011          Hugo Ferreira Pires




sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Olhos Verdes

Nesses olhos verdes de mar
navega insegura a minha esperança,
porque do amor tenho a lembrança
de pelejar, jamais podendo amar!

Minha brava maresia distante,
tua esplêndida tez lusitana
atiça-me a quimera estranha
de te amar a cada instante…

De olhar penetrante, enigmático,
punges o meu coração apertado
com teu silêncio distanciado:
Azagaia de brilho fleumático!

Novembro 2017          Hugo Ferreira Pires


quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Tavira sem Ti

Passa moroso o Gilão
com seu traje de prata,
traz a lenta solidão
que meu peito arrebata.

Mais adiante abraço a Ria
e mergulho à beira-mar...
Mas sem ti termino o dia
sem sequer te abraçar.

É nesta pacata Tavira,
sublime recanto algarvio,
que a ti a lembrança se atira
com a saudade num atavio!

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires

Noite Alta

Meu Amor, a noite já vai alta,
o meu coração sem ti se exalta
e a saudade pronuncia o teu nome:
som de lua que o horizonte consome,
deixando em mim a música que ecoa
e o beijo que a tua boca abençoa…

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires


domingo, 5 de agosto de 2018

Pai

No Adro nasceste então
num quente dia de verão,
longínquo dia de agosto
em que o sol iluminou teu rosto.

Diante da serra viveste
e aí muito sorriste e sofreste;
múltiplas horas de negócio
e muito poucas de ócio.

Aos teus filhos muito amas
e em silêncio aclamas
a vontade de lhes dar
mais do que podes arcar.

À nossa terra muito deste
mesmo em tempo agreste;
Pedreiras sempre te agradece
quando tua alma esmorece.

Longe da terra, perto do coração,
os que pensam em ti muitos são!
De todos um profundo abraço obténs
pois hoje e sempre estás de Parabéns!

05 de agosto de 2018          Hugo Ferreira Pires

 Pires


sexta-feira, 27 de julho de 2018

Ria Formosa

Uma lágrima brilhante de saudade
percorre a pele do meu rosto salgado...
O meu olhar relanceia melancolicamente
a língua de mar intermitente,
luzindo sob o sol latejante,
junto ao sapal desta Ria,
onde o dia termina
e o sonho se inicia. 

Salta do rosto a lágrima saudosa,
juntando-se ao sal da Ria!
Espera certamente que eu sorria!
Oh lágrima diluída nesta língua de sal,
dá-me a esperança renascida
de aqui viver Portugal!

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires


domingo, 15 de julho de 2018

De Norte a Sul

Nas verdes terras nortenhas
verdejantes vertentes
descem ferrenhas
sobre as águas correntes.

São águas alvas de pureza,
níveas de brilho solar!
Corre no seu leito a dureza,
mãos do tempo a passar...

Na sombra do pinhal d'El Rei
sussurram as memórias do mar
outrora conquistado p'la grei -
- vozes do reino a bramar!

Soam os sinos nas torres cristãs
dando voltas às eternas agulhas;
acesas vão as naus anciãs,
luzindo no Breu como fagulhas.

Além Tejo brilha o trigo loiro
adornado de pedras alvas;
sustenta moinhos d'oiro -
- puros filhos de malvas!

Em terras rubras do Garbe
espraia-se o mar navegante;
ao céu infindo eleva o Algarve
a voz de um povo flamante.

Julho 2018          Hugo ferreira Pires





sexta-feira, 13 de julho de 2018

Foge o Tempo

Foge o tempo num foguetão:
fugidio, fugaz, fulminante!
Faz do fútil um lento fumegar,
um fumo supérfluo,
fumaça dispersa sem fulgor;
faz do sonho um sorriso flamante,
fundador das faces sorridentes,
fundação de um feliz amanhã.

Fulgurante o tempo do futuro:
fundador da fulgente sabedoria,
flama da eterna forma,
rubra fleuma de bondade inflamada,
lusco-fusco reacendido,
fusão do corpo, Luz do infinito...

Julho 2018          Hugo Ferreira Pires


quarta-feira, 20 de junho de 2018

Adeus

Mais um lindo dia nascido
com o sol iluminado da Primavera!
Os pássaros cantam no jardim florido
onde cada flor seu perfume libera.

No meu coração nasce um Sol
de saudade de te abraçar,
e nas minhas mãos vive um rol
de letras querendo-te beijar.

Passam as estações, o tempo voa,
a tua felicidade cresce sorridente,
mas em mim perdura, destoa,
um negro vazio triste e carente.

Abraço, beijo e adormeço
em braços que não são os teus,
e nesta penumbra estremeço,
acordado na tristeza do teu Adeus.

Abril 2018          Hugo Ferreira Pires


sábado, 16 de junho de 2018

Mudar

Mudar! Decidir mudar!
Decidir o futuro enxergar
com as lágrimas da despedida
deste lugar de distância aturdida.

Mudar! Decidir mudar!
Decidir o passado abandonar,
deixar o mal que se teve,
pegar no Bem que se manteve.

Mudar! Decidir mudar!
Decidir o presente amar
com o futuro a olhar
para o passado do lar.

Lar país do coração,
por ele se ergue a solidão!
Saudade de longa existência
dos anos da sua ausência.

Mudar! Decidir mudar!
Decidir à pátria retornar!
Sonhar nas ondas do mar
e na proa do vento navegar.

Junho 2018          Hugo Ferreira Pires



sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Salgueiro e a Rosa

À sombra de um Salgueiro
chora uma rosa sem cor!
É verde e espinhosa
esta Rosa sem Amor.

Chora também o Salgueiro
abandonado ao Inverno,
entregue à melancolia
em terras de Averno.*

Pergunta-se o Sol lá no alto
por que choram sem parar!
Todas as lágrimas de chuva
fizeram o Sol acordar.

Desfaz-se então o frio!
O Inverno é uma quimera!
Sorri o Sol à Natureza
e irrompe a Primavera.

Que feliz está o Salgueiro:
água pura de Neptuno!
Abraça a Rosa em flor
como Júpiter abraça Juno!**

E que linda está a Rosa
sorrindo no seu esplendor!
Desabrochou a Rosa em flor
Numa Primavera de Amor.

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires

*Na mitologia grega os salgueiros vivem em Averno, a entrada para o submundo, governado por Hades. Averno é a morada de Perséfone (filha de Zeus e Deméter). Sendo mulher de Hades, Perséfone é a rainha do submundo. Perséfone é também a deusa da Primavera, das flores e da fertilidade.

**Na mitologia romana Juno é a mulher de Júpiter.



sexta-feira, 18 de maio de 2018

Tempo de Viver

A vela apagou-se e, no ar,
o derradeiro fumo se desfaz,
tal como o incessante mar
que sobre a areia jaz.

No leito de um silêncio penetrante,
na penumbra da noite presente,
projeta-se o passado distante
nos meandros do futuro ausente.

Em vermelhos campos de papoilas
as lágrimas afloram comovidas
como prata brilhando de vida
sobre as oliveiras erguidas.

Nesses campos uma criança brinca
no seu mundo de vida garrida,
o seu olhar no céu se afinca
seguindo a ave desprendida.

Voa o sonho da infância
jorrando na penumbra do agora;
além se alumia a abundância
no futuro de outrora.

O sol acendeu-se no ar!
É manhã! É dia de viver!
É presente de Luz e de acreditar!
É o futuro a amanhecer…

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires


quarta-feira, 9 de maio de 2018

As Estrelas do Teu Ser

O teu amor teceu em mim
um teto de estrelas fulgentes
onde o sol não espera o amanhecer
e a magia ressoa entre as gentes.

Dos teus cabelos avultam-se as ondas
de profundos mares intrigantes;
ilhas de luz florescem do teu coração
erguendo faróis seguros e constantes.

Nesse olhar trémulo e longínquo
abrem-se as janelas do teu ser:
um ser de alquimia, música e paz,
um lindo mundo de eterno alvorecer.

Maio 2018          Hugo Ferreira Pires



quinta-feira, 3 de maio de 2018

Nas Asas de Lisboa

Nas asas de Lisboa
voa o teu olhar
posado num novo porto:
regaço de outras águas…

Nas margens de Lisboa
nasce o teu sorriso
num horizonte que não tenho...
Tão longe do meu abrigo!

Nas águas de Lisboa
refletido está o teu rosto:
quimera espelhada que enxagua
as lágrimas do meu desgosto.

No sorriso de Lisboa
desenhada está a tua felicidade!
No bem que te quero sorrio,
mas na paixão que me assola
triste esmorece o meu olhar,
cego de choro e de saudade!

Março 2018          Hugo Ferreira Pires