[A prosa]
Fecho
os olhos; levanto o meu olhar daqui e pouso-o bem no centro do Adro onde cresci
e onde sempre viverei: lá estão os dois enormes e seculares carvalhos
abraçando-me o coração com os braços e o Amor da gente da minha terra. As
crianças riem e brincam, tal como eu já fiz, os jovens correm e divertem-se,
tal como eu já fiz, os jovens adultos falam do mundo e de si, tal como eu já
fiz, e os adultos menos jovens filosofam sobre tudo, tal como eu espero fazer, porque
a vida já passou por eles, trazendo-lhes de tudo um pouco...
E assim, entregando-me à contemplação das imagens e dos sons da minha terra, ergo as pálpebras e vejo-me no meio de um carvalhal de tempo, sob um carinhoso sol de outono envolto nas memórias que não são daqui, mas que sempre me acompanharão.
E assim, entregando-me à contemplação das imagens e dos sons da minha terra, ergo as pálpebras e vejo-me no meio de um carvalhal de tempo, sob um carinhoso sol de outono envolto nas memórias que não são daqui, mas que sempre me acompanharão.
[O poema]
Das entrelaçadas braças,
tecendo as copas
dos imensos carvalhos,
despedem-se as bolotas
do verão apenas passado:
tecendo as copas
dos imensos carvalhos,
despedem-se as bolotas
do verão apenas passado:
Anunciam sonoramente
a sua queda
se o negro alcatrão atingem,
ou camuflam
a sua aterragem
num suave som,
sobre o manto de folhas secas:
doce "afolhagem"!
a sua queda
se o negro alcatrão atingem,
ou camuflam
a sua aterragem
num suave som,
sobre o manto de folhas secas:
doce "afolhagem"!
O outono aquece esta tarde,
iluminando de ouro
o verde pálido, o amarelo,
no alto dos imensos carvalhos.
E nesta paz, neste silêncio,
apenas sobressaltados
por algumas bolotas sonoras,
descanso o meu ser em mim.
Outubro 2017 Hugo Ferreira Pires
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