numa longínqua viagem ao berço
da minha vida, daquela vida sem trevas,
que de tão longe quase me esqueço;
pinheiro que ao pranto me elevas!
Pinheiro assim plantado na cidade,
de alcatrão e cimento amparado,
assim me trazes a terna mocidade
envolta num abraço avigorado,
no compasso de um tempo sem idade.
Pinheiro com fragrância de beira-mar,
tua maresia traz-me os extensos areais
onde caminhos tracei junto ao mar:
trilhos sulcados de altos ideais,
sonhados nas ondas a clamar…
Pinheiro com um pardo manto de caruma,
trazes-me o doce odor das camarinhas
que a saudade saboreia uma a uma;
daqui avisto caravelas e memórias minhas
vindas d’além, trespassando a bruma…
Pinheiro ancião coroado de louvor,
lar de histórias e marés infindas,
destronas as trevas com teu doce alvor;
tuas lembranças dão-me as boas-vindas
nesse mundo onde vivo sem pavor.
Novembro, 2018 Hugo Ferreira Pires
Novembro, 2018 Hugo Ferreira Pires
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