sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Saudade, Suidade, Sodade

Saudade de Coimbra ao luar
e de seu fado entristecido,
lições de tempo a musicar
a juventude do tempo ido.

Suidade1 das terras mirandesas
e de seus foles seculares,
ancestrais vozes acesas
em nossas almas milenares.

Sodade2 d’além mar
e das cores de Cabo Verde,
é a voz de Cesária a cantar,
eternidade que não se perde.

Saudade, saudação à nostalgia,
dor que volta na lonjura,
mar profundo de água fria,
suspiro revolto de desventura.

Saudade, reviver da melancolia,
negra bílis contorcendo a alma,
ânimo repleto de astenia,
Novo Mundo sedento de vivalma.

Saudade, apanágio da solidão,
solitária verdade envolvente
navegando no saudoso coração,
terra à vista fugindo ferozmente!

Sodade da terra
Sodade do espaço,
Suidade do antigamente
Suidade do tempo,
Saudade do amor

Saudade do tempo eterno…

Outubro 2018         Hugo Ferreira Pires

1 – Suidade = Saudade em mirandês (segunda língua oficial de Portugal)

2 – Sodade = Saudade em Crioulo de Cabo-Verde 





Sem comentários:

Enviar um comentário