Domingo. Encontro marcado para as
quatro e meia.
Tarde cinzenta embalada pelos
ventos outonais.
Por ti espero, o tempo passa, a
minha mente devaneia.
As densas nuvens desfazem-se em
pequenas gotas celestiais.
Num inesperado repente ansiado,
surgiste do fundo da rua,
Na estrada caminhando, gotejada
pelo céu, trazida pelo vento,
Vestido simples, longos cabelos,
negros como breu sem lua.
Pele alva como a paz, lábios
rubros e carnudos, olhar firme de alento.
Nas nossas faces sorridentes três
beijos se trocaram,
Nossos olhares tocaram-se e o sol
abriu-se no meu coração.
Entre duas chávenas de chá,
delicadas palavras flutuaram,
Conversas navegaram num mar de
emoção... ou talvez de ilusão.
Envolto no teu élan, ao som da
tua franca delicadeza,
Encontrei-me num discurso perdido
no teu olhar de alquimia.
Ancorado em ti, embevecido no
porto da tua beleza,
Ondulando o meu olhar nos teus
lábios de maresia.
Levado na brisa desta tarde
outonal o tempo voou,
Nossas palavras secaram nas
chávenas já arrefecidas.
Juntos caminhámos até onde a
despedida nos almejou
Entre árvores vazias e folhas
pelo chão perdidas.
Desse dia já passado tudo recordo
como um vitral:
Imagens coloridas, faces
sorridentes, uma mente iludida.
Tudo passou de brilho a fosco, de
mágico a trivial...
Foi apenas uma tarde de outono no
verão de uma vida.
Novembro, 2016 Hugo Ferreira Pires
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