segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Encontro

Domingo. Encontro marcado para as quatro e meia.
Tarde cinzenta embalada pelos ventos outonais.
Por ti espero, o tempo passa, a minha mente devaneia.
As densas nuvens desfazem-se em pequenas gotas celestiais.

Num inesperado repente ansiado, surgiste do fundo da rua,
Na estrada caminhando, gotejada pelo céu, trazida pelo vento,
Vestido simples, longos cabelos, negros como breu sem lua.
Pele alva como a paz, lábios rubros e carnudos, olhar firme de alento.

Nas nossas faces sorridentes três beijos se trocaram,
Nossos olhares tocaram-se e o sol abriu-se no meu coração.
Entre duas chávenas de chá, delicadas palavras flutuaram,
Conversas navegaram num mar de emoção... ou talvez de ilusão.

Envolto no teu élan, ao som da tua franca delicadeza,
Encontrei-me num discurso perdido no teu olhar de alquimia.
Ancorado em ti, embevecido no porto da tua beleza,
Ondulando o meu olhar nos teus lábios de maresia.

Levado na brisa desta tarde outonal o tempo voou,
Nossas palavras secaram nas chávenas já arrefecidas.
Juntos caminhámos até onde a despedida nos almejou
Entre árvores vazias e folhas pelo chão perdidas.

Desse dia já passado tudo recordo como um vitral:
Imagens coloridas, faces sorridentes, uma mente iludida.
Tudo passou de brilho a fosco, de mágico a trivial...
Foi apenas uma tarde de outono no verão de uma vida.

Novembro, 2016          Hugo Ferreira Pires    


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