Árvore da Vida,
tuas raízes penetram este mundo,
e teus braços eternos sobem mais e mais alto
numa espiral de tempo interminável,
muito além do visível.
O corpo que habitamos é uma folha de ti caída:
Oh esplendorosa Árvore da Vida!
E voando até ao chão, atravessada pelo tempo,
vai secando ao longo dos anos,
enquanto nela o espírito, teu filho, se experiencia.
Neste espaço de música,
sentado na firme sinfonia do tempo,
escuto o sopro silencioso do meu espírito
esvoaçando ao ritmo desta folha caída,
ainda colorida de verde.
Os meus anseios já não são os mesmos,
os meus medos e esperanças vagueiam mais livremente...
O tempo passou...
E a vontade de transformar a idade
em algo útil na evolução... aumentou!
A entrega ao próximo,
aos filhos, aos altos ideais,
libertam o espírito para além da matéria,
tal como o verde se liberta da folhagem caída
numa alquimia de tempo, espiritual e desprendida.
O sentimento de pertença
à música do mundo é total,
a paz que sopra dentro de mim
veleja como a brisa num trigal.
A luz solar, atravessando-me o coração, transborda!
O tempo sopra continuamente as folhas caídas
levando-as mundo fora... mundos fora...
E voando nos braços deste vento
todos viajamos mais e mais além,
alcançando gradualmente a libertação.
E no cíclico momento em que se desprende o espírito
da folha já seca e desidratada,
viaja ele de volta à sua árvore,
a
Árvore da Vida...
Janeiro, 2017 Hugo Ferreira Pires
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