domingo, 23 de julho de 2017

Horizontes Algarvios

Serras pardas, profundas no tempo,
levantam-se ao longe içadas pelo vento.
Encontro de sol, ferro e fogo,
histórias de sangue, lutas e rogo.

Deste rubro chão brotam alvas cidades
moldadas em belas tonalidades;
suas gentes sorriem iluminadas,
olhares brilhantes em suas faces tisnadas.

Mãos escuras do tempo abrem a lavra
sobre o solo ardente como lava,
erguendo-se ao ar blocos de terra encarnada
entre os sulcos abertos na terra descarnada.

Sonhos revelados no calor de cada dia
em velhos caminhos empoeirados de magia,
serpenteiam o escasso arvoredo encantado,
e espraiam-se entre arribas, no mar extasiado…

Rubro mar ardendo em centelhas
afagando margens de terras vermelhas,
ponte de água repleta de História,
estrada de glória... por vezes ilusória…

Algarve aqui… África ali… Além Bojador acolá,
terras sangradas e comerciadas, muito para lá…
E do horizonte infindo chega o tempo e a solidão
de uma história que levou Dom Sebastião.

Julho 2017          Hugo Ferreira Pires



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