quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

No Café

No café, num cantinho lá ao fundo,
Silenciosa te encontrei, no teu mundo;
Sorri assim que te vi
Recordando o tempo feito de ti;
Em cada face nasceu um beijo,
Mas nem sombra de festejo…

No teu olhar a muda seriedade
E a distância inequívoca da frialdade;
Com as minhas palavras teci um poema,
Com sorrisos e lágrimas cruzei um dilema;
Mas longínqua vai a paixão,
Esvaída por entre as pedras do chão.

Lá atrás, quando tudo começou
E a paixão nos inflamou,
O teu olhar iluminava,
O teu sorriso inundava,
E tuas mãos ferventes
Me afagavam ardentes.

Agora, teu olhar desapegado
Deixou-me desamparado,
Tua mão ausente
Deixou-me inerte,
A luz do teu olhar
Diluiu-se no ar,
E o cintilar da tua tez
Desapareceu de vez.

No café, num cantinho lá ao fundo,
Deixei o meu coração e o teu mundo;
Na memória do tempo te trago
Envolta num amor que não apago;
Agradeço tudo o que me deste,
Por mais que tudo me seja agreste…

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires




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