sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Estranho

Sinto-me um estranho
num mundo estranho,
numa constante
solidão entranhada.

Esta estranheza
de nunca ter a certeza,
e de mim eu ser a presa,
preso no tempo
que passa depressa,
preso na estranheza
de mim próprio.

Vivo num mundo
feito de pedaços
de outros mundos;
pedaços refeitos em mim
agregados pelas lágrimas,
pelo sonho e pelo mar…
E amar, e amar…
E amar tanto…
Amar até o coração
invadir o mar
e as lágrimas jorrarem
como chuva torrencial,
numa tempestade 
de tristeza e felicidade
amarradas ao coração.

Amar sem pensar,
sem reclamar um só segundo,
nem desdenhar das lágrimas
emanadas de mim
que chovem neste mar sem fim.

E nas manhãs
em que o sol irrompendo
me traz a luz e a branquidão,
dou conta da imensidão
da felicidade contida nesse mar…

Esse meu mar,
estranho a mim e ao mundo,
é onde me entranho,
é onde me estranho
e me aparto deste mundo,
tantas vezes longínquo,
tantas vezes cruel,
tantas vezes ilusório,
tantas vezes fiel à dor…

Dezembro 2017          Hugo Ferreira Pires


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