quinta-feira, 6 de abril de 2017

Chão da Minha Infância

Morno chão da minha infância
dourado de ceifa e de fragrância;
chão de rubras videiras em cachos
brilhando ao sol como riachos.

Serra levante de aromas florais
sobrevoando seus vastos pinhais;
muros de pedra, musgo e jasmim
contendo o tempo fervilhando em mim.

Chão da minha infância longínqua
fértil de húmus e de água profícua,
chão de oliveiras cravadas na serra,
chão de pomares brotados da terra.

Do céu e da serra, gotas de saudade
regam este chão de prosperidade,
milheirais rompidos de verde e oiro,
solo arrebatado coberto de trigo loiro.  

Adro de música, festas e danças,
Adro de feiras, brados e andanças,
vinho em festa à mesa dos compadres,
beijos e abraços à porta das comadres.

Infância sublime de um Abril refeito,
vozes da liberdade galopando no peito,
doce reserva de livre pensamento,
mosto desengastado da luta e do sofrimento.

E da minha avó… o abraço afetuoso,
lugar de ternura e amor espantoso;
do meu avô as mãos cardidas,
par de espadas de trabalho garridas.  

Amor de mãe que não cede na luta,
Amor de pai que não desiste da labuta,
Amor da minha São tratando-me como um filho,
Amor da minha Fátima, no qual me maravilho,
Amor da minha Noémia que eu tenho como avó,
Amor deste chão que nunca me deixou só!

Março, 2017          Hugo Ferreira Pires





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