quinta-feira, 13 de abril de 2017

Mãe

Mãe, teu olhar por vezes distante e triste
Fala-me de um passado ainda em riste,
Pousado em lágrimas fluentes,
Cravado de flechas dolentes,
Onde a dor foi sempre vizinha,
Infância que não tiveste como a minha.
Mas Mãe... sinto os teus braços quentes!

Mãe, teu riso por vezes alegre e disparado
É voz de luta e de teatro apaixonado,
É voz acalorada de artes, lemas e poemas
Onde não entram dúvidas nem dilemas,
Mar de um São Pedro de Moel desbravado,
Grito de vitória num Ai exclamado!
E Mãe... vejo o teu sorriso acalentado!

Mãe, de ti recebi este invencível mar de sangue
Que mareia no meu corpo e me expande,
De ti recebi a força de ir mais além,
A força de ir em frente mesmo sem ninguém,
O querer ser, sem ânsia de parecer,
O querer viver, quando tudo parece morrrer.
E Mãe... sinto a tua esperança a arder!

Mãe, do teu espírito fiz também o meu
Como Sol rasgando nuvens no céu,
Do teu passado faço um novo presente,
Um presente para o teu passado dolente,
E das dores escritas no teu nome
Arrebato um futuro de renome
Onde teu coração ofusca a tristeza e a solidão.
E Mãe... sinto o calor da tua mão!

Abril, 2017          Hugo Ferreira Pires



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