domingo, 25 de junho de 2017

Algarve

Cheira a Algarve!
Doce odor, quente e suave,
Alma muçulmana e cristã
Imanada desta terra anciã.

Cheira a Al-Gharb,
teu nome de verdade;
Oeste do solo Andaluz
tua alma o Povo seduz.

Cheira a mar deslumbrante
onde sonhou nosso Infante;
em Sagres sua alma se uniu ao sal:
último horizonte de Portugal!

De Lagos zarparam sem parar
caravelas rumo a além-mar,
seus porões de sonhos fermentados
foram Descobrimentos concretizados.

Em Silves o Arade se vislumbra
numa miragem saída da penumbra,
alquimia do alto Caldeirão*
revelada no mar de Portimão.

Guadiana de verdes margens
acariciando belas paisagens,
fertiliza de amizade sã
Portugal e Espanha irmã.

Diante ao mar, bela e Formosa,
pulsa a Ria fértil e airosa,
língua de mar intermitente,
ventre de vida fremente.

Entre arribas rendilhadas
se abrem praias entalhadas,
areais expostos às marés
brilhando ao sol de lés a lés.

Algarve de cultivos antigos
perfumado de alfarrobas e figos,
albricoques, laranjas e medronhos
são sabores brotados dos sonhos.

Algarve da minha infância,
de verões nutrida em abundância,
matas e dunas de fragrâncias,
aromas de sublimes distâncias.

Algarve da minha juventude,
feito de estudo amiúde,
Universidade de amigos assentes
que ainda hoje sinto presentes.

Cheira a Algarve!
Doce odor, quente e suave,
chama da minha alma,
luz do tempo que me acalma.

Junho 2017          Hugo Ferreira Pires


* - Referência à Serra do Caldeirão


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